domingo, 9 de agosto de 2009

Feliz Dia dos Pais or something.

Já não dormia mais no quarto do casal. O colchão era colocado na sala e ali era o seu novo lugar de repouso. Portas da casa fechada. Quartos trancados. A luz da sala estava apagada. Só se ouvia o barulho da televisão, mesmo em um volume baixo. Era o primeiro jogo da final da Copa do Brasil de 2006, era Flamengo x Vasco. O homem já estava deitado no colchão, de barriga pra baixo, sem olhar para a televisão, sem acompanhar a partida. Somado à narração de Luís Roberto, ouviam-se agora roncos e mais roncos. Ao lado do colchão, na poltrona, estava o filho. Muito ansioso pela partida, nervoso e esperançoso com o seu time do coração. Mas ao mesmo tempo triste. Muito triste por olhar pro lado e ver que, naquele local, ninguém compartilhava daquele momento com ele. Ficou desanimado e sem reação durante o jogo. Até surgir o belo gol de Obina. O filho não se segurou, gritou e vibrou. O homem que dormia, acordou com a alegria contagiante do filho. Olhou para a TV, viu a nação rubro-negra comemorar no Maracanã, deu um soco no ar e cumprimentou o filho. Um aperto de mão. Minutos depois era a vez de Luizão marcar seu gol, 2x0. Novos gritos, nova vibração. Dessa vez compartilhada com um abraço. O filho voltou a sorrir. Aquele momento de alegria proporcionado por 11 homens a quilômetros dali, fazia-o esquecer de todos os problemas recorrentes da época. Fim de jogo. O resultado era excelente. O filho desligou a TV e foi para o quarto. Abaixou-se e abraçou o homem deitado. "Boa Noite. Dorme com Deus".
Na semana seguinte ocorreu o segundo jogo da final. A luz da sala não estava mais apagada. As portas dos quartos não estavam mais trancadas. O filho seguia na poltrona. Mas não havia mais colchão na sala. O gol de Juan que deu o título ao Flamengo era comemorado por uma só voz. Um só grito na casa. Olhava para os lados e não havia ninguém com ele. Aquilo iria se repetir por muitas vezes. Seu alento era se unir às vozes e aos pensamentos de quem estava no estádio.

6 comentários:

  1. "Seu alento era se unir às vozes e aos pensamentos de quem estava no estádio".

    E as de quem estava no IRC? Nossa, mancada hein :/ ;~~ Quando se lembrar mais d'a gente avisa :/ Porém, r0x (tirando as observações que já fiz no canal, lpz).

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  2. "até surgir o belo gol de Obina"

    momentos raros...

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  3. e não é que o moleque escreve bem? :P

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  4. eis um dos motivos (o mais forte deles) da minha presença no mais novo tomador de tempo cybernético totalmente útil porém desnecessário (for me!).
    eu queria, e como, comentar aqui.
    pronto; comentado!

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