quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ele merece

Hoje tive a oportunidade de assistir à Inimigos Públicos no Cinema. Confesso que ao ler a sinopse do filme não me animei tanto quanto ao saber do elenco do filme. E isso por um simples fato: Johnny Depp é o ator principal.
A história se passa na década de 1930, no contexto da Grande Depressão norte-americana pós Crise de 1929. No auge da criminalidade da época, o FBI tenta capturar alguns populares bandidos e gângsteres como John Dillinger, interpretado por Depp. Entre idas e vindas da cadeia, romances casuais, assaltos à banco, diversas trocas de tiros e muito sangue, se destaca mesmo a atuação dele, Johnny Depp. Ele rouba a cena a cada aparição, transmite um ar irônico em suas falas, demonstra um ar de superioridade por onde passa, típico de suas personagens. Um outro ator não conseguiria convencer tanto como ele ao passar essa imagem. Não consigo imaginar o sem feições Christian Bale, que interpreta um oficial do FBI no filme, no papel de Depp na trama. Se invertessem os papéis, provavelmente o investigador roubaria a cena do vilão. John Dillinger não é brilhante e maestral como Jack Sparrow; Willy Wonka; e, é claro, Edward, mãos de tesoura. Mas a atuação de Depp é brilhante o suficiente para atrair a atençao do público ao longo dos 143 minutos do filme. É brilhante o suficiente para cada passo de sua personagem ser imprevisível. É brilhante o suficiente para avaliar a carreira de Johnny Depp e pensar "Ele ainda não ganhou um Oscar".




segunda-feira, 27 de julho de 2009

Amor verdadeiro

Ao término da partida entre Flamengo e Santos, uma cena completamente incomum chamou a atenção de quem assistia ao jogo pela televisão. O técnico interino do Flamengo, Andrade, se emocionou com a vitória por 2x1 e não conseguiu conter as lágrimas diante do repórter Eric Faria da TV Globo. Quem não conhece Andrade poderia até pensar que é ridículo um técnico de um time com tamanha expressão se emocionar após conquistar somente mais três pontos na classificação do Campeonato Brasileiro. Mas para quem conhece e sabe da importância de Andrade pro clube carioca, achou muito interessante e talvez até se emocionou junto com ele. A situação me fez refletir: Eu não vi Andrade e o time mágico da década de 1980 do Flamengo jogar e, mesmo assim, aqueles são meus ídolos e ídolos de toda uma geração órfã de grandes jogadores que expressem amor verdadeiro ao clube. Até quando eles serão os únicos ídolos da torcida rubro-negra? Será que em 2050 eu ainda vou lamentar não ter visto Zico e cia jogarem? Será que até lá não vai surgir um outro ídolo que jogue por amor e chore pelo time de coração? Será que tudo isso é pedir demais?
Isso não se trata de lamentações de um torcedor frustrado com o que viu em 19 anos de vida, se trata da realidade. Hoje quem beija o escudo de um time não sabe nem um pouco da história que aquele emblema representa. Como não se esquecer do capetinha Edílson, que em 2003, durante um treinamento na Gávea, discutiu o com o então diretor técnico Júnior, ex-jogador e grande ídolo do rubro-negro. Na discussão Edílson afirmava que tinha uma Copa do Mundo no currículo e Júnior não, e que, por isso, ele tinha que ser respeitado no clube. Acho que o Edílson não sabia com quem estava falando e o quão importante era a camisa que ele defendia no momento. Tantas frustrações que fazem com que os ídolos do passado continuem intocáveis e únicos na galeria de deuses do clube mais querido do Brasil. E não se trata apenas do Flamengo. Nilton Santos e Garrincha continuam únicos no Botafogo, Pelé no Santos, Roberto Dinamite no Vasco, entre outros. Não surgiu ninguém que suprisse ou pelo menos tentasse se igualar a esses jogadores no coração do torcedor contemporâneo. E a tendência é que esses grandes ídolos não surjam mais. Sem entrar no mérito da parte técnica, só apenas no amor à camisa de cada clube brasileiro.
O choro de Andrade revela que o amor ainda existe. Mas existe de quem nós não duvidamos, existe por parte de quem deu a vida pelo clube. O ex volante jogou pelo Vasco e por lá foi campeão brasileiro em 1989 e, ainda assim, é respeitado e é ídolo incontestável do Flamengo. Adquiriu esse respeito ao longo da carreira. Ao longo de 4 títulos brasileiros, 1 Libertadores e 1 Mundial. Ao longo de anos de dedicação à comissão técnica do Flamengo. Ao longo de vivências, histórias e emoções no clube. Dedicou a vitória ao amigo e também ídolo, o ex-goleiro Zé Carlos, que morreu essa semana de câncer. Se emocionou como um menino que entrava em campo pela primeira vez, chorou porque sabe da importância do Flamengo, sabe o que é o Flamengo e o que ele representa. Chorou porque ama o clube. Chorou porque também é um de nós. Chorou porque também faz parte da nação.
Se no futuro eu poderei ver mais alguém emocionado e demonstrando amor verdadeiro a um clube no Brasil, eu não sei. Acho difícil. Mas que fique a esperança de que novos Andrades surjam, de que novos ídolos ocupem o mesmo lugar no coração do torcedor e de que o amor verdadeiro ainda exista no futebol.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Contradições de julho

Julho é um mês muito aguardado para universitários e estudantes em geral. Quando você está cheio de trabalhos e provas na última semana do período, fica louco e clama por férias. Você não aguenta mais ter que entrar no MSN só pra falar "Fez sua parte do trabalho?" "Deixa eu te mandar minha parte" "Termina logo o trabalho de Erly porque falta o do Protti ainda". As aulas chegam ao fim e você grita aliviado "FÉRIAS". O momento mais esperado do ano chegou, finalmente você não tem mais preocupação nenhuma, compromisso escolar nenhum, pode apenas relaxar. Alguns dias passam e com eles toda a empolgação. Você fica em frente ao computador, olha para um lado, olha pro outro e descobre que não tem nada pra fazer. Acorda na hora do almoço e descobre que uma metade do dia já foi embora e precisa preencher a outra. Aí você pensa aliviado que pelo menos tem a auto-escola à noite, mas esse alívio passa rápido porque a auto-escola também é um nada que só aumenta o seu tédio. Nessas horas de desespero você deseja ansiosamente pela volta às aulas. Conta nos dedos os dias para ter aula de matérias cujo nomes são verdadeiros textos: Teorias e Práticas Jornalísticas para Meios Impressos; Teorias da Comunicação - Perspectivas Históricas; Teorias e Práticas da Linguagem Visual/Planejamento Gráfico. Aliás, alguém sabe como abreviar o nome dessas matérias?
Depois de clamar pelo retorno das aulas, você vai perceber que House só volta em setembro. Vai assistir o promo da 6ª temporada e constatar que aqueles serão os únicos 30 segundos que você terá de contato com a série em 3 meses. Vai ter vontade de assistir às reprises da última temporada, mas vai ter preguiça porque estará ocupado fazendo nada.
Em meio a TUDO isso, você consegue finalmente sair de casa e ter algumas horas de divertimento. Um divertimento com a cara de julho. Contraditório como o mês, você vai encontrar pessoas que nunca viu na vida e conversar com elas sobre... contradições.
Para finalizar, vai detectar mais uma contradiçãozinha. Você vai descobrir que escreveu um texto no seu blog só para ocupar o tempo e fazer com que julho acabe logo. E, ao reler o texto, descobre que quando julho passar vai sentir muita falta dele.
Contradições.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Riscos calculados

Torcida apaixonada enfraquece o coração
Pesquisa mostra que amor a um time aumenta risco de infarto

http://msn.minhavida.com.br/materias/alimentacao/Torcida+apaixonada+enfraquece+o+coracao.mv

Então eu tenho que escolher entre o futebol e a mulher? Se eu ficar com as duas opções o risco de infarto é duas vezes maior? :O

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Certezas

Ele estava inquieto e precisava de certezas. A viagem o fazia pensar na vida. Sabia dos seus defeitos, mas tinha medo de encará-los de frente. Estava com sentimentos e vivências presos no coração e entalados na garganta, doido pra conseguir se ver livre de todos eles, de conseguir partilhar tudo o que viveu com alguém. Olhou pro lado. Já sentia a energia e a força que aquela pessoa te transmitia. Sabia que nela podia confiar, que era ela que o faria mudar completamente. Tinha medo de conversar, de falar o que viveu, ninguém sabia daquilo, talvez nem ele mesmo sabia. Não aguentava mais suportar tudo aquilo sem a ajuda de ninguém. Olhou pro lado mais uma vez. Precisava conversar. Naquele momento já tinha confiança suficiente na pessoa ao lado. Tinha a certeza, àquela altura não havia mais dúvidas. Ele estava diante de um amigo. Um amigo que o fez abrir os olhos para o que a vida é, um amigo que o fez crescer, um amigo que o incentivou, um amigo que o consolou. Um amigo que o ensinou a viver.
Mais uma vez inquieto, mais uma vez precisando de certezas. Passava por um momento de desespero, de perda, de um fracasso aparente. Clamou, aos prantos, por ajuda e ouviu como resposta "Estou indo aí." A preocupação demonstrada, a confiança retribuída, os bons momentos lhe deram a certeza. Ele estava diante de um amigo.

De todas as certezas que temos na vida, sem dúvidas a melhor é ter a certeza de que temos amigos, de que compartilhamos do verdadeiro sentido da amizade. Feliz Dia do Amigo aos meus grandes e queridos amigos!

Notas de um domingo qualquer

- Acordar tarde, ler qualquer coisa no jornal e achar o jornal "qualquer coisa".

- Ver o quanto Galvão Bueno força pra pagar de "amigão da galera" em todas as suas entrevistas.

- Assistir Gol, o grande momento do futebol e achar graça em tudo o que Milton Neves fala.

- Colocar na Warner só pra saber em qual episódio a reprise de Friends está.

- Fingir que um jogo qualquer das 16h consegue me entreter.

- Constatar que junto com Ibson foi-se embora toda a criatividade do Flamengo, que Cuca não sabe o que faz e que o Flamengo não contratou nenhum zagueiro após a aposentadoria de Fábio Luciano.

- Assistir ao Fantástico na esperança de não perder alguma matéria bombástica mas acabar colocando no Pânico pra ver O Impostor.

- Ter uma vontade súbita de ouvir The Cranberries - Linger.

- Nunca desestimular alguém que evolui, não importa quão lenta seja a evolução.
Essa é nova.

sábado, 18 de julho de 2009

Sono profundo

Era quarta-feira às 18h04min. O funcionário público de meia idade deixava a repartição com um só desejo: Sumir dali. Estava cansado depois de um dia estafante de trabalho. Pegou o seu Gol ano 1999 para se juntar à imensidão de carros que formavam filas e filas nas avenidas da grande cidade. Não conseguia nem se irritar com o engarrafamento infernal, estava estático, esperando a hora de chegar em casa na esperança de ter alguma coisa que lá o reconfortasse. Longos 40 minutos se passaram até chegar em casa. Ele não tinha forças nem para subir as escadas do prédio. Abriu a porta do seu apartamento e, entre pilhas de arquivos e processos, só conseguia ver o sofá.
Era um convite irrecusável para relaxar e esquecer todos os problemas. O terno e a mala ficaram pelo chão. Ele precisava se deitar, precisava mais que ninguém de um descanso. Naquela hora não havia fome, não havia vontade de tomar um banho, não havia vontade de sair, nada o impediria de deitar e jogar tudo pro alto. Deitou-se e ligou a televisão por seguinte, como se fosse um ritual rotineiro. Segundos depois, ele dormiu. Dormia como se estivesse descobrindo esse prazer pela primeira vez. Ressonava alto e forte, o barulho se misturava com o noticiário da TV e os ruídos provenientes da rua que passavam pela janela completamente aberta. Outro barulho se somou ao conjunto, o telefone tocava. Nem sinal do homem acordar. Nem um movimento sequer, apenas roncos e mais roncos. O mundo poderia desabar ao seu lado, mas ele só conseguia dormir. Era um sono profundo.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Overdose

Morte de PC Farias. Queda de avião da TAM. Morte dos Mamonas Assassinas. Clonagem da ovelha Dolly. Morte do cantor Leandro. Morte da Princesa Diana. Guerra do Kossovo. Convulsão de Ronaldo na final da Copa de 1998. Bug do milênio. Eleição de George W. Bush. Apagão. Racionamento de energia. Atentado terrorista de 11 de setembro. Osama Bin Laden. Afeganistão. Petróleo. Escândalos. Renúncia de Antônio Carlos Magalhães. Renúncia de Jader Barbalho. Eleição de Lula. Assassinato do jornalista Tim Lopes. Caso Suzane von Richthofen. Brasil campeão do mundo. Guerra no Iraque. Saddam Hussein encontrado. Tsunami. Casamento de Ronaldo e Cicarelli. Big Brother Brasil. Atentado em Madrid. Mensalão. Corrupção. Outra queda de avião da TAM. Escândalo de Renan Calheiros. Morte da menina Isabella Nardoni. Sequestro da menina Eloah. Eleição de Barack Obama. Queda do avião da Air France.

Não necessariamente nessa ordem.

Já perdi as contas de quantas overdoses de fatos, fofocas, notícias e tragédias eu tive. A última foi a morte de Michael Jackson. Antes eu falava "i don't really care about him", hoje eu sei até que ele apanhou do pai na infância e pode ter ficado estéril por isso.

Qual será a próxima overdose? Aguardo ansiosamente.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O garoto de 12 anos

Ao ler o livro "Jornalismo Esportivo" do melhor comentarista, colunista, escritor, estrategista e jornalista esportivo do país, Paulo Vinícius Coelho, o PVC, me deparei com uma teoria muito importante sobre o surgimento da figura de um jornalista esportivo. Como alguém decide seguir essa profissão e esse setor de uma das áreas mais injustiçadas do Brasil? Apesar de todos os elogios ao PVC, a teoria é sustentada pelo seu companheiro de ESPN Brasil, Mauro Cezar Pereira, outro grande do ramo. Quando questionado sobre qualquer assunto referente à esportes, com ênfase sempre maior pro futebol, Mauro Cezar rebate: "Pergunte a um garoto de 12 anos, ele sabe mais que todos nós". Pensei bem, li e reli a frase. Comecei a imaginar "Lá vem um jornalista querendo dizer que até um garoto de 12 anos pode trabalhar na área e melhor que um profissional. Nem eles defendem a profissão." Complexo de inferiodade você não vê por aqui. O que Mauro Cezar queria afirmar é que um garoto de 12 anos passa o dia inteiro ligado em televisão, rádio e internet, absorvendo toda a informação possível. O garoto de 12 anos sabe a escalação completa dos times da Série A do Brasil, da Itália, da Inglaterra, da Espanha e, se tiver saco pra acordar cedo no sábado, da Alemanha. Ele acompanha todos os programas esportivos, todas as mesas-redondas, sabe todas as notícias. O jornalista tem mais preocupações, tem que trabalhar, tem que seguir a pauta, tem que garantir o pão de cada dia, tem que pensar na família. Mauro Cezar apresenta e PVC defende a tese. Quem sou eu pra duvidar? Logo eu... Bastaram poucos segundos para vir à mente quem era o Leandro de 12 anos. Eu era esse garoto que vivia 24 horas em função do mundo do futebol? Queria saber de tudo que acontecia dentro e fora dos gramados? Ah, o Leandro de 12 anos também queria saber quem era o pai do filho da Rachel, queria saber se Lula seria o novo presidente do país, se uma 3ª Guerra Mundial iria eclodir ou não. Mas, ele entendia mesmo era de futebol. Era até chato, de vez em quando. Voltemos ao ano de 2002. Aquele garoto de 12 anos viu um dos gols mais bonitos da história do futebol, viu Roberto Carlos ir a linha de fundo e pressionado cruzar pra Zidane de canhota, de primeira, de virada colocar no ângulo e encantar o garoto, o Real Madrid era campeão da Europa. Ele também viu o Brasil ser pentacampeão do mundo, saiu correndo pela rua pra vibrar com uma bandeira nas costas, num de seus únicos atos de patriotismo. O Leandro de 12 anos vibrou, com o rádio colado no ouvido, ao ouvir José Carlos Araújo gritar gol de Iranildo, o Flamengo vencia o Botafogo e deixava a zona de rebaixamento. O Leandro de 12 anos xingava, esbravejava ao ver o Flamengo ser prejudicado pelo árbrito Giuliano Bozzano no Parque Antártica contra o Palmeiras, um 1x1 chorado com a marca de Liedson que livrava o rubro-negro da degola e colocava os paulistas em risco. O Leandro de 12 anos viu um surpreendente São Caetano chegar à final da Libertadores e sucumbir no Pacaembu diante do Olimpia do Paraguai. O Leandro de 12 anos viu Romário ainda ser decisivo e levar o Fluminense aos playoffs do Brasileirão, no último ato de uma partida contra a Ponte Preta. O Leandro de 12 anos via um poderoso time de garotos ousados ganhar o Campeonato Brasileiro, viu Robinho pedalar 7 vezes na frente de Rogério. Ele também viu um jovem garoto começar a explodir na Roma, Cassano já encantava. Somado a tudo isso, o Leandro de 12 anos acompanhava todos os programas esportivos de tv aberta e fechada. Ria com Jorge Kajuru, ficava atento com José Trajano e cia. É, acho que eu sou o garoto de 12 anos do livro. A bagagem que aquele garotinho medroso, porém convicto de sua aptidão criou, é carregada até hoje por esse jovem de 19 anos. Que há alguns dias percebeu que pode fazer como Camilo Costa de Queiroz em seu blog e afirmar "Tenho certeza que vou seguir a profissão certa". Os rumos que essa história vai levar, eu ainda não sei. Mas, posso ter a certeza absoluta de que onde eu estiver vou me lembrar da sabedoria do garoto de 12 anos.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A menina e o cofre

Ela quer se divertir. Também pudera, é jovem e não tem quem a impeça de fazer o que quer. Ninguém pode impedir os anseios e os desejos da menina sonhadora. Hoje, ela quer se divertir. Ela vai se divertir. Isso é fato. O que ela quer, ela consegue. Dizem que ela possui certos poderes mágicos, uma força sobrenatural que faz com que ela faça o que quiser na hora que quiser. Certa vez, ela conseguiu abrir um cofre de aço de uma grande multinacional, que não se abre nem com solda, nem sob a tortura do portador do segredo que o faça abrir. Mas nada é impossível para ela, bastou uma tentativa e o cofre se abriu em fração de segundos. Todos ficaram sabendo do seu feito, mesmo sem saberem como ela conseguiu realizá-lo, e se perguntavam estarrecidos "Como ela conseguiu abrir aquele cofre?"; "Impossível, ela abriu AQUELE cofre?" Muitos duvidavam, mas havia relatos em todas as partes, testemunhas que comprovavam: Ela abriu o cofre mais fechado possível. O cofre foi aberto por ela e cabia somente a ela desfrutar das riquezas ali contidas. Foi o que ela fez. Esbanjou e aproveitou. Todos diziam que a menina sonhadora agora não precisaria de mais nada, que as riquezas presentes no grande cofre poderiam perdurar para sempre, não seria necessário ela buscar por outras coisas a não ser dentro dele. Todos acreditavam que nele havia tudo o que ela fosse precisar. Mas, não se esqueçam, ela é a menina sonhadora, ela tem muitos desejos, muitas vontades, muitos objetivos aquém do que o cofre poderia lhe proporcionar. O cofre se tornou obsoleto para ela. Foi uma conquista tão grande que agora não tinha mais valor, o conteúdo dele que parecia ser duradouro, não conseguiu suprir as aspirações da jovem garota. Ela se focava em novos objetivos agora: se divertir a qualquer custo, sem se preocupar com seus feitos do passado. Todos perguntavam a ela sobre o cofre, queriam saber o conteúdo dele. Queriam saber se o que o cofre guardava não valia a pena, se o cofre era uma mera ilusão. A menina não sabia responder, só tinha a certeza de que agora possuía novos sonhos, novos planos, novas metas. Não queria saber mais de gastar sua força fora do comum para desafios como a abertura do cofre. Isso a desgastou. Ela quer curtir as coisas simples da vida, sem complicações, sem riscos. Ela quer, pura e simplesmente, se divertir. Da forma e do jeito dela. Ela dita o ritmo da sua diversão. Parece pouco pra menina sonhadora, já conseguiu tantas realizações bravas e heróicas e agora só pensa em se divertir? Tudo bem. Não se esqueça que ela quer, ela pode, ela consegue.
Quanto ao cofre, parece que se esqueceram dele. Foi aberto, exposto, absorveram de sua fartura e, assim, ele ficou de lado, jogado num canto. Não era mais o principal cofre de aço da grande multinacional, tinha perdido o seu valor. A ele, coitado, só bastava se fechar novamente, tentar se tornar uma fortaleza como antes. Tudo isso na esperança de alguém se interessar e encarar o desafio de tentar abri-lo para descobrir o que há em seu interior e saber aproveita-lo melhor que a menina sonhadora.

terça-feira, 14 de julho de 2009

De repente...

Confusão. De repente, solução.
Perguntas. De repente, respostas.
Dúvidas. De repente, certezas.
Tristeza. De repente, alegria.
Solidão. De repente, companheirismo.
Monotonia. De repente, paixão.
Garantias. De repente, perdas.
Coragem. De repente, medo.
Tédio. De repente, reflexão.
Pensamentos. De repente, atitudes.
Sucesso, de repente fracasso.
Fracasso, de repente sucesso.

Amizade. De repente, amor.
Pensamentos. De repente, palavras.
Vergonha. De repente, compartilhamento.
Fechado. De repente, aberto.
Tristeza. De repente, felicidade.
Tranquilidade. De repente, medo.
Sucesso. De repente, fracasso.
Fracasso. De repente, sucesso.

Pouco. De repente, muito.
Angústia. De repente, euforia.
Brincadeira. De repente, seriedade.
Omissão. De repente, confiança.
Nada. De repente, Tudo.
Paixão. De repente, amor.
Felicidade. De repente, muita felicidade.
Sucesso.
Sucesso.
De repente, fracasso.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Decepção [2]

O menino estava no quarto entretido com qualquer besteira no computador - MSN, Pro Evolution Soccer 5, Orkut e etc- tentando desviar o rumo de seus pensamentos, tentando achar que tudo seria resolvido. A menina (ou a adulta?), estava no quarto, trancada como sempre, no telefone com alguma amiga ou ouvindo uma música alta, também tentando desviar o rumo de seus pensamentos, também tentando achar que tudo seria resolvido.
O menino teve um lapso, um pensamento incomum, levantou-se por instinto. Caminhou lentamente até o corredor, percebeu que algo estranho tinha acontecido. Acendeu a luz do quarto ao lado, o guarda-roupa estava aberto e vazio. Como se um furacão tivesse passado por ali e nada deixou. Ele fugiu. O menino tentou correr atrás, abriu a porta e desceu as escadas em busca de respostas, o coração apertado, frio na barriga. O que se passava pela cabeça dele?
O menino chegou à garagem e se deparou com o carro que saía como se estivesse fugindo da prisão. Dois olhares se cruzaram. A resposta chegou depois, o tempo a trouxe. O nome dela? Decepção.

O menino cresceu. Virou adulto? Ainda não sei. A decepção que ele sofreu o fez crescer, mas não o bastante. Ele ainda tinha problemas, medos e bloqueios. Mas, ele tinha amigos que o fizeram perceber quem ele era de verdade e quem ele deveria ser. Ele amadureceu, de fato. O menino crescido, ainda não adulto porque tem muito o que viver, estava feliz. Como há muito não se via. Ia tudo bem na vida dele até um telefonema o afligir. Ele não conseguiu pegar no sono tão cedo após ter ouvido o que ouviu ou, na verdade, ter deduzido o que queriam te dizer. Ele acordou, ainda aflito e com medo do que poderia vir. Veio o que ele temia e o que ninguém esperava. O quase adulto se tornou um menino. Um menino triste e desolado que chorava sentado no chão, de cabeça baixa sem o afago que ele tanto necessitava. Sem uma resposta, sem um motivo, sem uma explicação, sem sequer um "adeus". O menino voltava a clamar por respostas. Desta vez o tempo não foi tão cruel e não demorou a dar a resposta. O nome dela? Decepção.