terça-feira, 29 de dezembro de 2009

2009 foi assim

Mais um ano chega ao fim. Mais uma vez eu e 99% da população mundial pensam "Poxa, esse ano passou muito rápido!" Parece clichê, mas não é. E este ano parece ter passado mais rápido ainda do que os demais, talvez porque ele tenha sido o melhor ano de minha vida.

Não vou me alongar detalhando os principais momentos que eu vivi neste ano nem comentar tudo o que eu passei em 2009. Só que não custa nada ressaltar que a minha entrada no curso de Comunicação Social na Ufes; os laços de confiança mais firmes do que nunca dentro de casa; os novos sentimentos vivenciados; as confirmações de verdadeiras amizades e o ganho de novas moldaram este ano inesquecível.

Claro que 2009 foi inesquecível também por ter sido o ano em que eu vi pela primeira vez o meu time do coração ser campeão brasileiro. E eu estava lá no Maracanã. Não há dinheiro no mundo que pague a sensação que eu vivi naquele dia...

Não vou também tentar explicar porque eu tive momentos tão marcantes neste ano, e isso também nem tem explicação. A única explicação é a seguinte: 2009 foi marcante, porque eu vivi. Simplesmente isso. Vivi cada momento, os tristes e os felizes, todos com muita intensidade.

Obrigado a todos que me proporcionaram viver 2009 de forma tão intensa. E que em 2010, possamos viver mais ainda.



Feliz ano novo!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Senso de ridículo

O relógio marcava 18h em ponto. Já estava escuro. Ele esperava por ela no parque, lugar deserto, ninguém poderia vê-los ali, muito menos alguém conhecido. Ansioso e inquieto, ele andava de um lado para o outro enquanto ela não chegava. Parecia até que tinha feito algo errado; não, não, parecia que estava escondendo alguma coisa. E estava. Escondia ela. Tinha vergonha de ser visto com ela. Ué, mas ele queria estar com ela e esperava ansiosamente por ela, como poderia se envergonhar de estar ao seu lado? Não que ela fosse um tanto quanto desprovida de beleza, mas tinha vergonha de ser visto com alguém, vergonha de pensarem que tinham um relacionamento. Estranho. Deu 18h15 e ela chegou. Ficaram juntos por cerca de uma hora. Como já era noite e ali era um local deserto, ela pediu para ele acompanhá-la até o ponto de ônibus para ir à casa, pois tinha medo de ir sozinha. Ele gelou e não sabia o quê dizer até ela iniciar o diálogo:

- Eu sei que você tem vergonha.
- Vergonha? Não é isso, é que eu tô atrasado para...
- Não precisa ter vergonha, todos sabem sobre nós dois.
- O quê?! Como assim?!
- Ué, você tem orkut, twitter e todas essas porcarias de internet, todos sabem sobre sua vida.
- Ah tá...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Minha saga do Hexa

Em 1992 eu tinha apenas 2 anos de idade, não sabia nem o que era futebol, logo não vi o Flamengo ser penta campeão brasileiro naquele ano. De lá pra cá adquiri a paixão pelo futebol e o amor incondicional pelo Flamengo. Nesse intervalo de 17 anos, eu sofri, chorei, me decepcionei, me iludi, mas acima de tudo, amei. Claro que não houve só sofrimento nesse longo intervalo de tempo, também vibrei bastante com conquistas estaduais sobre nossos queridos rivais, com a conquista da Mercosul, da Copa do Brasil e com fugas de rebaixamento, como a de 2005 que foi muito parecida com a atual do Fluminense. Enfim, isso é um mero contexto para dimensionar a importância do dia de ontem. Dia 06 de dezembro de 2009.
A saga começou no dia anterior, embarcando de Guarapari para o Rio numa van. Apertado e com pouca comodidade, sem dormir uma hora sequer de sono e sem ter a certeza de conseguir o ingresso. Mas nada que me desanimasse. Ao chegar no Rio já dava para perceber como estava o clima da cidade, uma multidão rubro-negra dominava as ruas desde cedo, a Gávea estava insuportavelmente lotada. Partimos cedo para o Maracanã, ao meio-dia já estávamos lá com a promessa de que às 13h os ingressos estariam na mão. Nessa hora os arredores do Maracanã já estavam tomados de rubro-negros e as filas para entrar no estádio já eram consideravelmente grandes. Deu 13h, 14h, 15h e nada de ingresso. As filas só aumentam, muita gente consegue invadir, mas a Polícia Militar tenta conter a multidão com suaves cacetadas, muitas delas em inocentes, sem falar no spray de pimenta na cara da galera só para abrir passagem para o onibus do Grêmio chegar. Enfim, lamentável. Voltando à minha saga, o ingresso de nossa excursão não aparecia. Por volta de 16h30 o desespero bate à porta, sento no meio-fio em frente ao maior estádio do mundo e ouço a torcida cantando. Um filme de 17 anos me vem à mente, aquele era sem dúvidas o dia mais importante de minha vida de torcedor e eu estava apenas a alguns passos de vivenciá-lo. O ingresso chega na minha mão faltando apenas 10 minutos para o início da partida, é preciso correr porque as tentativas de roubo eram iminentes. Coloco o ingresso na roleta e ele é rejeitado, na hora pensei que era falso. Tentei na roleta do lado e "ufa!" consegui entrar. Olho no relógio do celular, 16h57. Subo a rampa numa explosão de felicidade e ouvindo a festa da torcida, o Flamengo entrava em campo. Não havia muito espaço nas arquibancadas. Consigo me amontoar em uma das entradas das arquibancadas amarelas e me uno à 90 mil apaixonados pelo Flamengo. Olho para o campo e vejo que já está tudo praticamente pronto pro início do jogo. Cheguei na hora certa. Ao soar o apito do juiz, parecia ser o fim do meu sofrimento, era a hora de comemorar. Que nada, tem que ter sofrimento até o fim, se não, não é Flamengo. O gol do Grêmio cala o Maracanã e deixa os torcedores atônitos, um olhando para o outro sem ter o que falar, buscando explicações. O time precisa de nosso apoio, mas a ficha pareceu ter caído apenas uns 30 segundos depois, quando o hino do mais querido foi entoado pelas 90 mil vozes. As notícias que o telão nos trazem não são agradáveis. O gol de David trouxe um certo alívio, havia a certeza de que o time iria virar aquele jogo logo logo. Acaba o 1º tempo, torcedores apreensivos. O 2º tempo vai se desenrolando e nada de gol. Minhas orações começam a dominar meus pensamentos junto com o filme de 17 anos que volta a ser exibido. Eis que surge um escanteio, e como em todas as bolas paradas, todo mundo fala "É agora". Nosso guerreiro mais talentoso e ídolo de 8 anos atrás que voltou para ajudar a realizar o nosso sonho ajeita a bola. A caminhada dela é longa, os olhos não piscam. Um de nossos guerreiros mais humildes, símbolo fiel de nossa torcida, salta e desvia a bola, vejo a rede balançar no cantinho. Naquele momento, o filme de 17 anos para de ser exibido em minha mente. O que começa a ser exibido é a maior explosão de felicidade que eu já vivi. O grito de gol não se une apenas às 90 mil vozes do estádio e sim às 35 milhões de vozes rubro-negras espalhadas pelo mundo. As pessoas começam a se abraçar enlouquecidas, pessoas que você nunca viu na vida, mas que compartilham do seu sentimento. Era chegada a hora de começar a festa, como diz o novo hit das arquibancadas rubro-negras. O Maracanã tremia, tive a impressão de estarem passando algumas ondas de concreto nas arquibancadas. Mais alguns minutos de sofrimento até o apito final. Aí suor e lágrimas se misturaram, mais abraços foram partilhados e o grito que veio do fundo da alma ecoou no Maraca: "HEXA CAMPEÃO! HEXA CAMPEÃO!" O alívio tomou conta de mim, parecia que um peso do tamanho do Maracanã estava nas minhas costas e a partir daquele momento eu o jogava fora. E ainda houve tempo para se emocionar mais. Em meio à multidão das arquibancadas, ia se abrindo um espaço para alguém passar. Era um jovem carregado no colo por dois rapazes. O jovem aparentava ter alguma deficiência física e mental. Atrás dele estava uma mulher, provavelmente a sua mãe, carregando as suas muletas e chorando muito. O menino carregado vestia vermelho e preto, sorria muito e gritava "HEXA! HEXA!" Não deu pra segurar as lágrimas, ali eu tive mais uma demonstração do que o Flamengo representa para tanta gente.
De alma lavada e com a faixa no peito, era a hora de ir embora. De se despedir do templo sagrado, da casa rubro-negra, o Maracanã. Em torno dele, um mar em vermelho e preto tomava as ruas. Felicidade propagada pelo ar. Era a hora de voltar pra casa. Eu e meu primo brincávamos que depois de todo aquele sofrimento para entrar no estádio e depois durante o jogo mercia que escrevêssemos o livro "A Saga do Hexa". O detalhe é que a saga ainda não tinha chegado ao fim, no caminho da volta, fomos parados pela fiscalização da Polícia Federal em Campos que fez a gente andar a pé um certo trecho da rodovia para uma hora depois liberar o veículo. Nada que me fizesse perder a paciência e me arrepender. Eu faria tudo de novo e sofreria muito mais.

Tudo pelo Clube de Regatas do Flamengo.

Campeão Brasileiro em 1980, 1982, 1983, 1987, 1992 e 2009.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Dias, semanas e meses.

Tudo muda num piscar de olhos.
Não é bordão, não é clichê, não é frase pronta.
É apenas a verdade.
Agora, quem determina a duração do seu piscar de olhos é você.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Baile mascarado

Foi convidado para uma festa. Ficou na dúvida se ia ou não. Passou dias e dias pensando no caso, pensando em como se comportar em um ambiente desses, já que havia um bom tempo em que não frequentava uma festa. Recusava todos os convites que vinha recebendo recentemente, não pensava duas vezes, não titubeava, era contundente e sempre dizia: NÃO!
Mas era hora de mudar os ares, pensou bem e resolveu aceitar o convite. Arrumou sua fantasia, gastou uma quantia considerável alugando-a, mas fez tudo com o intuito de fazer valer a pena.
Foi sozinho, encontraria com os amigos lá. Chegou no local e era só sorrisos, todos o cumprimentavam e sorriam pra ele. Logo depois percebeu que as pessoas riam dele, na verdade a festa não era à fantasia. Ele se destacava na multidão, sua fantasia alegre chamava a atenção de todos presentes. Porém, ele não queria nem saber, pouco se importava, queria aproveitar o momento. Ele era o retrato da felicidade.
De fato, um retrato. Um retrato estampado na máscara pertencente à alegoria de sua fantasia, uma felicidade falsa que ele transpassava para todos, uma alegria que não existia. Sua máscara exalava rios de felicidade, por baixo dela havia uma estagnação, um descompasso, e o pior, a consciência de que estava passando a imagem do que não é.

domingo, 4 de outubro de 2009

Why God, why? [2]

Hoje uma pessoa de um grande caráter, de uma grande história de vida, de uma grande experiência, de uma grande sabedoria, de uma grande sobriedade, de uma grande emotividade faz aniversário.

Hoje um grande escritor, grande leitor, grande jurista, grande cinéfilo, grande crítico e grande jornalista (por quê não?) faz aniversário.

Hoje um grande amigo, e, acima de tudo, um irmão faz aniversário.

Parabéns, Camilo Costa de Queiroz. Obrigado por tudo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Caminhadas vespertinas

Existe algo mais irônico que o destino?
Sem brincadeiras e sem qualquer tipo de bordão, mas essa é a mais pura verdade. O destino é muito irônico. Para constatar isso é só você parar e pensar nas pessoas que formam o seu convívio social hoje e as que formavam ontem.
Pára e reflita. Não sou só eu, mas vocês também vão encontrar alguém que você queria que fosse sua namorada, mas hoje é uma de suas melhores amigas; alguém que você queria que fosse apenas sua amiga, mas que hoje é sua namorada; alguém que você nunca fez questão de conversar, mas que hoje é seu melhor amigo; alguém que você machucou, mas que hoje te consola; alguém que se afastou de você, mas que hoje quer se reaproximar; alguém que você prometeu nunca mais olhar na cara, mas que hoje é indispensável para a sua vida; alguém que já trocou socos e pontapés com você, mas que hoje é seu companheiro; alguém que nunca se abriu com você, mas que hoje te conta os seus maiores segredos; alguém que você sempre questionou o caráter, mas que hoje é a pessoa em que você mais confia; alguém que você conquistou, mas que hoje não dá a mínima; alguém que te fez sorrir, mas que hoje te faz chorar; alguém que sempre partilhou tudo com você, mas que hoje não fala um "oi"; alguém que era indiferente para você, mas que hoje tem o seu amor.

Chega até a ser engraçado algumas vezes, se não fosse tão irônico.