quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Baile mascarado

Foi convidado para uma festa. Ficou na dúvida se ia ou não. Passou dias e dias pensando no caso, pensando em como se comportar em um ambiente desses, já que havia um bom tempo em que não frequentava uma festa. Recusava todos os convites que vinha recebendo recentemente, não pensava duas vezes, não titubeava, era contundente e sempre dizia: NÃO!
Mas era hora de mudar os ares, pensou bem e resolveu aceitar o convite. Arrumou sua fantasia, gastou uma quantia considerável alugando-a, mas fez tudo com o intuito de fazer valer a pena.
Foi sozinho, encontraria com os amigos lá. Chegou no local e era só sorrisos, todos o cumprimentavam e sorriam pra ele. Logo depois percebeu que as pessoas riam dele, na verdade a festa não era à fantasia. Ele se destacava na multidão, sua fantasia alegre chamava a atenção de todos presentes. Porém, ele não queria nem saber, pouco se importava, queria aproveitar o momento. Ele era o retrato da felicidade.
De fato, um retrato. Um retrato estampado na máscara pertencente à alegoria de sua fantasia, uma felicidade falsa que ele transpassava para todos, uma alegria que não existia. Sua máscara exalava rios de felicidade, por baixo dela havia uma estagnação, um descompasso, e o pior, a consciência de que estava passando a imagem do que não é.

2 comentários:

  1. "Um retrato estampado na máscara pertencente à alegoria de sua fantasia, uma felicidade falsa que ele transpassava para todos, uma alegria que não existia."

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  2. Cara, que texto legal!
    Sutil e metafórico. Gostei pra caralho!

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